sexta-feira, 16 de abril de 2010

A quem apanhar.

O Quebec é uma província do Canada, que durante os invernos tem habitualmente temperaturas muitos baixas, pelo que as pessoas vão mantendo as casas o melhor que podem. Logo que chega esta época, começam com as chamadas limpezas de Primavera. Assim, uns compraram roupas, outros compraram móveis, sapatos, electrodomésticos, materiais de renovação, etc., que foram guardando e agora desfazem-se dos artigos antigos.
Há um hábito já muito antigo que leva as pessoas a pôrem o que não presta no lixo e o que ainda pode servir, alguns artigos mesmo em estado novo, um pouco mais ao lado. O pessoal de recolha do lixo conhece bem o costume e deixa ficar por uns tempos.
Como o tempo permitiu e estamos precisamente em cima da época das limpezas, aqui ficam umas fotografias. É escolher e apanhar.

Cama para bébé


A folha de papel presa à cama, diz em duas línguas:

Full Complete
Free Take
À Donner

Neste caso são duas televisões em ruas muito distantes.



Pode-se ver na fotografia acima que a árvore deste jardim, foi cortada. Montreal tem quase sempre uma árvore por jardim à frente das casas, plantadas pela cãmara. Tal é devido à existência de uma lei municipal, que permite aos diferentes serviços públicos de utilizarem os primeitos cinquenta centímetros do terreno privado, a partir do passeio. Esta árvore ficou um pouco distante do passeio. Deve ter sido de comum acordo.


Fotografias soltas:



Está-se mesmo a ver que houve remodelações. É só apanhar e levar o lado de baixo de dois lavatórios...


E umas botasinhas para o frio, vão?


Para ir mais depressa, uns patinzinhos de rodas alinhadas.


Noutra rua, vi estes mais bonitinhos e com mais qualquer coisa...



As bebidas engarrafadas ou em lata, devolvem-se para serem recicladas e recebe-se dez ou cinco cêntimos por unidade, que foram incluídos no preço do produto.
Alguém que não esteve para ter a maçada de as devolver mas também não quiz deitar fora por respeito para com o meio ambiente..., deixou-as no passeio.



O facto é que não as deitou para o lixo e pô-las em local bem visível no passeio, para quem quizer as entregar e receber setenta cêntimos. Uma questão de mentalidade.

Por estes lados, as pessoas compram uvas e gostam muito de fazer vinho em casa. Bem, olhem este... parece-me querer dar a entender que era de água. Ai o maroto! Agora servirá para plantar flôres.


Aqui ficam uns tantos artigos que por vezes as pessoas nem pensavam adquirir mas que servem para a garagem, cabaninha do quintal e noutros casos mesmo até para casa.






Como se lê bem, termino esta sessão de fotografias, com mais uma mas sem comentários.


Quando cá cheguei, fiquei muito admirado com este sistema de entreajuda em que as pessoas passam, vêm e decidem se lhes interessa. Fiquei no entanto mais admirado quando um dia vi uma carrinha a apanhar artigos para o recheio de casa; camas, armários, micro-ondas, etc. O fulaninho alugava casas já mobiladas. Também encontrei um apreciador ou negociador de obras antigas, a dar a volta aos bairros. Certos imigrantes, não estando habituados a tal, ainda vêm esta forma de actuar com desdem ou desconfiança. É claro, há certos artigos expostos acima de propósito, que só os necessitados apanham mas não haja dúvidas que são úteis a alguém. Francamente, como gosto de ver que estas pessoas pensam nos outros mesmo que os não conheçam, com um civismo tal que nem dão valor ao que fazem pois para eles é natural, achei por bem trazer esta atitude ao conhecimento geral.

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