domingo, 5 de dezembro de 2010

Uma de filha.

Sempre na minha vida pensei que se um dia fôsse pai, iria criar os meus rebentos com liberdade e responsabilidade. Assim, quando a minha filha começou a se servir sózinha, fui-lhe dizendo que uma pessoa se servia de forma a conseguir comer tudo o que tinha tirado para o prato: era melhor servir-se por duas vezes e não deixar nada. Aproveitava para lhe explicar que por esse mundo fora havia muitos meninos que não tinham o suficiente para comer e no caso dos meninos de África que eu até conheço, tomaram muitos ter os restos deixados pelos nossos meninos.
A minha filha foi crescendo e foi aprendendo a "ajudar" a mãe na cozinha nos tempos livres e férias. Muito curiosa e querendo sempre fazer tudo, o dia chegou em que começou a pôr o talher na mesa pelo que foi muito aplaudida pela excelente ajuda que estava a dar. Como em quase tudo, um problema aparece quando uma pessoa já está habituada a fazer sempre a mesma tarefa e assim foi. Um dia, assento-me à mesa e o meu talher estava posto ao contrário. Mostrei-me muito admirado dizendo:
- Áh, então puseste-me o talher ao contrário!
- Olha, aconteceu mas... estás cheio de sorte, há muitos meninos em África que comem com as mãos porque nem dinheiro para talher têm.

Enfim, pai sofre... mas com um sorrizo porque não aguentei.

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