sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Faz anos nesta data...

Faz 13 anos que estivemos debaixo de uma tempestade de gêlo, começada a cinco de Janeiro de 1998. Só atravessar o passeio, foi um ato heroico. Chegado ao carro, a antena que estava saída à vertical, tinha um diâmetro de três centímetros.

Ramos e árvores partidas,


fios caídos nas ruas e estradas que além do gêlo acumulado no chão, fizeram com que as pessoas ficassem isoladas nas suas casas e em alguns casos, vários dias sem luz. Quando os fios se partiam, os postes perdiam o equilíbrio provocado pelo pêso desigual de um dos lados, originando as suas quedas em dominó. A camada de gêlo fez com que o pêso dos ramos das árvores e dos fios aumentasse trinta e três vezes.

Ao todo, pelo que ouvi na altura ou li nos médias, tinham-se perdido mais de vinte mil postes de madeira e cerca de duzentos e sessenta de alta tensão, além de mais de cem mil kilómetros de cabos.

O corte de auto-estradas, estradas, ruas e pontes, tornou-se num problema sério para os serviços de urgência. A situação deu origem a desastres inesperados, assim como a incêncios provocados pela queda dos fios em cima de casas.

Este fenómeno que segundo as estatísticas acontece uma vez em cada cem anos, foi originado por uma núvem quase contínua na sua passagem que durou cinco dias nesta zona, com cerca de quatrocentos kilómetros de comprimento.

A falta de luz, na célebre "sexta feira preta", levou a que a elétricidade que entrava em Montreal fôsse canalizada para os hospitais e oficina de depuração de águas, que esteve a duas horas do corte total do fornecimento. Esta situação fez com que nos bastidores, os reponsáveis começassem a pensar na evacuação de Montreal. Para dificultar, nesse momento, já haviam três pontes fechadas.

Assistimos a evacuações obrigatórias para centros comerciais, ginásios, escolas e igrejas devidamente aquecidas, das pessoas que habitavam em casas com sistemas de aquecimento elétrico. É esta evacuação que dá origem a que nove meses mais tarde, nascessem 900 bébés a mais do que o habitual. As novas mãmãs afirmaram aos médias, que os confecionários das igrejas não foram alheios a tal situação.

Começou-se a temer pelas pessoas doentes em casa que teriam de tomar os seus medicamentos diáriamente, muito especialmente os acamados e a terceira idade.

Sendo hábito o Quebec ir em socorro da província de Ontário e dos EU quando se lhes apresentam fatalidades destas e de outros tipos, Ontário cedo se pôs à disposição para enviar equipas de electricistas, com os respetivos equipamentos. Para admiração nossa, os EU também na mesma altura informavam que já tinham equipas completas prontas a passarem a fronteira, só que agradeciam que cada equipa fôsse enquadrada por pessoal do Quebec, uma vez que os seus homens não estavam habituados a trabalhar com temperaturas tão baixas. A 8 de Janeiro, depois de toda a logística ter sido preparada para os receber, 130 camiões com 1.000 homens entre efetivos e reformados, foram mostrados pela TV a atravessarem a fronteira. A moral começou a subir, lembravam-se de nós.

Entretanto a Hydro Quebec já tinha dois mil homens a trabalharem, incluindo efetivos seus, reformados e empresas privadas.

Vou aproveitar os próximos dias para expôr passagens expecíficas do que aconteceu.

Ao fim de cinco dias a queda de gêlo parou mas o Quebec só voltou à normalidade em fins de Janeiro, continuando em Montreal e noutras localidades, a limpeza das ruas.

Gêlo retirado de cima do asfalto.


Tipo de maquinaria que foi necessária.

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