segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Como vi este ano a Pátria minha amada...

Aproxima-se o fim do ano e hoje vou expôr sobre o que mais me sobressaíu este ano em Portugal, meu país de origem e que me anda sempre no pensamento por causa das dificuldades que as pessoas sentem.

Foi ano de eleições municipais e mais uma vez pensei nesse sistema de eleições em comparação ao sistema que vivo no Canada. Penso que as eleições municipais muito provávelmente copiadas da Europa, são absolutamente democráticas mas o relacionamento dos partido municipais com os nacionais, em nada ajuda o nosso sistema.
Pelo que tenho visto, os partidos camarários continuam a ser o braço dos partidos nacionais como no tempo em que eu ainda lá vivia. Só que vendo no Canada os partidos camarários serem independentes dos governos e seus partidos, noto que lhes dá capacidade de oposição a decisões governamentais muito mais sólida. Não estou a ver, a não ser num caso muito excepcional, um governo camarário se virar contra o governo nacional se fôr do mesmo partido. Amuos sim, que até convêm para a propaganda política mas que passam e a vida continua... continuará? Por outro lado também não vejo independência total de um governo nacional para de forma corrente distribuir verbas ou "fundos perdidos" às cãmaras que não sejam da mesma côr, a não ser em caso excepcional como catástrofes ou outras fatalidades. Se este tipo de compadrio aparece no aparelho democratico entre governos, como não será no aparelho público do estado. Como todos pensamos saber pois ainda há muitas situações encobertas e sem jornalistas de inquérito, já se está a ver porque é que os portugueses há centenas de anos que são bons navegadores.

Portugal está sem dúvidas a criar um foço entre as classes média e a menos média assim como a pobre, pois se há cada vez mais pessoas a necessitarem de auxílio, também este ano houve cerca de oito porcento mais de pessoas a passarem as férias de Natal fora de casa. Se o primeiro caso é aflitivo, o segundo mostra- nos sinais de recuperação.
É certo que no primeiro caso têm estado a criar meios para ajudar os mais desfavorecidos como a distribuição de produtos alimentares e roupas mas que se tem destinado práticamente aos sem abrigos. Os outros que andaram a estudar com a promessa de um futuro melhor mas que não tiveram que trabalhar durante os estudos como fazem no estrangeiro, sentem-se constrangidos e não são capazes de estenderem a mão à ajuda que lhes passa à frente. A miséria escondida que há muita aonde nasci, não representa um sofrimento inferior ao que as pessoas podem ver nas ruas. Muitas vezes as pessoas que pedem até estão melhor mentalmente que os outros, pois aceitaram a situação. Sem aceitação, seja no que fôr, mesmo em doenças, não se consegue sobreviver. Em Montreal, as pessoas estão habituadas a terem que fazer face à vida desde muito novos pois trabalham durante as aulas, aproveitam tanto a distribuição alimentar assim como as cantinas aonde têm refeições completas e depois vão à procura do possível emprego, o que lhes permite de se manterem activos física e mentalmente. A distribuição de roupa também não falta. À noite se quizerem dormir, também têm abrigos para o fazerem, só que isso é que já nem todos aceitam pois muitas vezes o vizinho do lado, fatigado de deambular pela rua, ressona alto e bem forte.

O que me tem entrestecido muito, é a forma como a nossa língua é tratada em Portugal, berço da língua portuguesa, com a utilização excessiva do inglês. Não digo que as pessoas não estudem inglês pois é necessário técnica e comercialmente mas ver-se práticamente substituí-la por nomes ingleses a tudo o que há de novo, é desencorajante.
Tal leva a que já se chega ao ponto de mesmo escrito em português, mudar a ordem dos nomes como no inglês. Já não verei o que vai acontecer quando a língua chinesa de cantão fôr a mais falada. De todas as formas somos capazes de discutir sobre o último acordo da língua portuguesa, que é bem português e andamos a substituir a nossa língua pela inglesa. Enfim...

Por outro lado começo a ter uma certa confiança no nosso País, com o aparecimento de exportações no estrangeiro mesmo que o país ainda não esteja a produzir o suficiente para sair da crise de imediato, como também há pessoas em Portugal que começam a acreditar na recuperação económica e por isso começam a gastar. Começa-se a entrar numa nova fase económica em que as pessoas gastam porque mesmo sem notarem, começam a ter confiança nos meios económicos. Estas pessoas têm o condão de fazer andar o dinheiro pagando assim muitos mais impostos indirectos que bem são precisos na gestão de um país. Para estes últimos, que trabalham ou já trabalharam e que pagam os seus impostos, que se divirtam e muito pois nada têm a sentir na consciência com o que se está a passar, como sei de alguns casos. A situação não foi criada por eles, não são eles que têm o poder para a resolver e sofrem com o que vêm. Sentem-se impotentes, o que é arrasador.
Só as exportações permitirão a Portugal saír da situação existente.

Pelo que fui lendo, notei um aumento significativo da manutenção de rua que tão bem pode fazer à saúde de cada um, à saúde pública e aos cofres do estado. O interesse de algumas autoridades na utilização da bicicleta pela nossa sociedade que tanto interesse público tem, chamou-me a atenção. Hoje em dia já não é preciso defender o bem físico desse meio de manutenção, mas na prática é muito mais do que isso no dia em que as pessoas o comecem a utilizar como meio de transporte deixando o carro à porta de casa, como nos países nórdicos: menos carros, diminuição da utilização dos transportes públicos, menos importação de sobresselentes, combustíveis, diminuição dos gazes de efeito de estufa, menos manutenção das ruas, estradas e auto-estradas, menos entradas nos hospitais, menos pessoal de serviço nos mesmos se bem que vá sempre aumentando, menos importação de medicamentos, etc. É uma riqueza a que a nossa mentalidade vai sem dúvidas ter que se abrir. Derivado ao que vivi em Montreal, noto hoje que até os automobilistas que no passado eram contra a utilização comum das vias públicas, hoje muitos deles praticam o ciclismo pelo menos no tempo melhor. Pelo que fui lendo, notei uma abertura muito grande na área de Lisboa, a cidade das sete colinas.

Como excelente nota pois penso que não esteja dependente de empréstimos estrangeiros, começo a notar em Coimbra os primeiros passos para a criação mesmo em plena baixa, de jardins de terceira idade de inciativa de certos cidadãos. É certo que Coimbra não tem grandes espaços livres mesmo no centro da cidade, nem muitos telhados planos pois a arquitectura deste tipo é práticamente inexistente, mas pelo menos seria animador ver as pessoas criarem jardins no cimo das suas garagens além de certos edifícios. Estou certo que com o tempo lá irão pois o principal, é haver alguém que comece. Têm grandes vantagens estes tipos de jardins como a ocupação das horas livres das pessoas de todas as idades, fazê-las mexer e movimentar o corpo, apanharem orgulhosamente alguns legumes plantados pelos próprios e que além de serem uma pequena ajuda, têm o condão de ter outro sabor e de poderem criar lindas flôres para suas casas e jardins.
É tudo uma questão de querer.

Passámos um ano aonde Portugal começou novamente a ser falado no plano internacional por boas razões.
Depois da partida do Prémio Nobel José Saramago, ficámos orfãos de uma projecção de valor internacional.
Notei uma alteração em relação aos anos após Saramago, pois José Manuel Barroso não só começou a ser falado como visto nos diferentes médias, muito especialmente nas TVs.
É no entanto Cristiano Ronaldo, o célebre CR7 do futebol ao serviço do Real Madrid, que é sem dúvidas o português mais falado. Estas duas últimas personalidades a que me referi, são um belíssimo sinal.

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