segunda-feira, 16 de maio de 2011

Troquei uma Santa por outra

e passei por santas tascas.

Quando eu tinha os meus doze anos, a minha Mãe disse que tinha que ir a Fátima a pé cumprir uma promessa. Não pensando na Santa que ela tanto amava mas sim na Santa da minha Mãe, disse logo que também tinha que ir pois na minha mente, não queria que ela fôsse sózinha. Lá foi tudo combinado e fomos com uma amiga dela, Sra. Da. Rosa, que morava no mesmo bairro nessa altura.

O meu Pai tudo previu, desde os cajados para nos apoiarmos, os sapatos com solas para não fazerem foles, a melhor roupa a usar para fazer face à transpiração ou em caso de chuva. Isto, além dos seus conselhos de toda a espécie mas não se cansando de repetir que se fizesse sol e o calor apertasse, para marcharmos na berma da estrada do lado de fora do alcatrão sobre a terra, a fim de evitarmos o aquecimento dos pés e as respectivas bolhas.

Momentos antes da partida, o meu Pai aproximou-se de nós e em frente das minhas companheiras pensando que eu compreendia o que Ele queria dizer, pois não quiz ser um mau exemplo para o filho em frente das senhoras, disse-me que se sentisse suores frios, poderia comprar um cálice de água ardente numa tasca e deitá-lo pelas costas abaixo, pois ajudava a aquecer.

Aconteceu que já perto do fim da subida para Cernache senti umas dôres nos tornezelos e respectivos tendões junto ao tendão de aquiles, que não me deixavam manter a cadência das minhas companheiras pois ainda não estava habituado a andar tanto. Como não queria dar parte de fraco, com o esforço que ia fazendo comecei a sentir o estomago vazio e a transpirar um bocado. Perto do cimo da subida apareceu a minha salvadora, uma tasca à esquerda e eu aproveitei para fazer à letra o que o meu Pai tinha dito. Pedi um cálice com água ardente, deitei-o pelas costas abaixo perante o espanto dos homens que lá estavam e saí. Passada a porta, com o ar fresco exterior da manhã ainda muito cedo pois tinhamos partido às quatro horas, vi que estava com as costas ainda mais frias e todo molhadinho, pelo que deduzi que o meu Pai se tinha enganado e não pensei duas vezes: meia volta, entro novamente e aí vai outro cálice, mas este pelas goelas abaixo. Um quentinho na garganta e no estômago que foram uma maravilha. Daí para a frente nunca mais me enganei quando entrava numa ou noutra tasca. O problema é que passado algumas tascas, as duas companheiras de viagem interplaram-me por causa do cheiro que eu libertava e a que eu muito aflitivamente, respondi prontamente: - Se vos parece, tenho as costas todas cheias de água-ardente.

2 comentários:

cota13 disse...

O estár em equílibrio sempre foi muito importante.
Nunca só um copo,sempre dois.
Um abraço.
Tonito.

AAAqui Ici Here e Alem Mar disse...

Tonito

Tens toda a razão, só que já não me lembro se o total foi número par ou impar.

Peço desculpa desta resposta com muito atraso mas não compreendo o meu bloque no que respeita a comentários. Quando os descubro, já passaram dias e até tenho cá vindo.

Um abraço.

Chico