quarta-feira, 23 de março de 2016

Analisando

Últimos acontecimentos.

Vou-me debruçar um pouco sobre a actualidade, pois todos sabemos os actos terroristas que tiveram lugar ontem na Bélgica.
Habitando eu no Canada, é muito natural que tenha vontade de transmitir como se vê por estes lados a situação actual internacional no que respeita ao terrorismo.
Há meses a França, ontem Bruxelas e tudo por causa de uma relegião mas não é bem assim...
Já nos anos oitenta do século passado, os argelinos vivendo por estas paragens sempre que tinham uma oportunidade iam à televisão e diziam que não compreendiam porque é que o ocidente não os ajudavam uma vez que tinham dias que quando o sol nascia, havia povoações cujos os homens adultos tinham sido decapitados durante a noite. Os extremistas entravam nas povoações, degulavam os homens deixando velhos, mulheres e crianças.
Posteriormente começou-se a notar o mesmo em relação a certos países africanos e o ocidente sem reagir, o que lhes permitiu tomarem um avanço no caminho do terror que se foi estendendo pelo mundo fora até aos nossos dias.
Segundo a forma de ver destes lados, a Europa tem andado a fechar os olhos ao problema de fundo.
No ano passado em países árabes houve quinze mil mortes derivado a actos terroristas mas a Europa não lhes deu importância de maior, pois isso era com os árabes. O mesmo no dia anterior aos atentados de Paris. Um atentado em Beirute fez 41 mortos e mais de 180 feridos mas até passou práticamente despercebido da imprensa europeia. Era um problema dos árabes pois as pessoas não estavam sensibilizadas para o terrorismo.
Quando nem vinte e quatro horas depois apareceram os atentados de Paris, foi o alarme. A França pôs-se a falar aos quatro ventos e muito bem. Todo o mundo ficou um pouco mais consciensalizado do problema pois os africanos não têm pessoal bem treinado nem bem armado, nem todos fazem parte da coligação e têm sido atacados por todos os meios. Aliás, a coligação formou-se precisamente para ir socorrer os que não têm meios para se defenderem e evitarem o que aconteceu num passado recente aonde um maluco alemão entrou pela Polónia e os europeus não reagiram. Tiveram que ir mais tarde militares dos Estados Unidos e Canada em auxílio, com o resultado de centenas de milhares de mortes e por isso agora têm estado a bombardear para evitarem mortos nas suas fileiras. Os bombardeamentos são uma reacção ao terrorismo e não o terrorismo uma reacção aos bombardeamentos, pois o terrorismo já existia.
Nesse campo, abra-se uma excepção à França que a partir de um dado momento começou a auxiliar certos países africanos.
Além disso, este assunto também vem alertar para a forma como os países europeus têm tratado o caso da imigração.
É certo que aqui um grande número de imigrantes quando chegam vão para a zona portuguesa, grega, italiana, etc. Só que com o passar do tempo, como a integração é uma realidade, as pessoas procuram zonas mais de acordo com a sua forma de estar na vida e abandonam os locais do cordão umbilical originando o movimento de pessoas. Não quer dizer que não continuem ligados à Pátria mas não fazem mais parte do gueto. Isto tem-se passado com as diásporas oriundas dos mais diversos países, se bem que se mantenha na mesma as zonas com os nomes das respectivas diásporas. A maior parte delas já só mantêm as suas lojas de origem na sua grande parte, porque a população que as habita é diversificada.
Assim tem-se visto o que aconteceu com certos bairros ingleses, franceses, belgas, etc. Autênticos guetos como a cidade de Molenbeek, constituído por população essencialmente marroquina que não se integrou. São zonas de pobreza quando não se dirá mesmo miséria em certos casos. O desemprego ronda os vinte e cinco por cento nos jovens de vinte a trinta anos e nas classes etárias mais velhas é muito superior. As pessoas a pensarem sem nada fazerem gera o descontamento e a revolta vem ao de cimo. É o melhor maná para o terrorismo.
No caso actual, o descontentamento não é só a capa religiosa como nos querem fazer crer mas muito em especial o lado económico. Os reporteres de inquérito do programa JE da televisão da TVA, Félix Séguin e Maxime Landry, fizeram uma incursão há cerca de uma semana e meia no bairro Molenbeek em Bruxelas que bem caro lhes podia ter saído, pois quando perguntaram a um Imã se podiam filmar dentro da mesquita, ele disse-lhe que por ele podiam mas derivado à situação que lá se vive, tal seria a seus riscos e perigos. Estes reporteres de inquérito descobriram que muitos vão combater para o estado Islâmico por dinheiro, o que lhes foi confirmado por um trabalhdor social. A crise é tão grande na cidade de Molenbeek que até aceitam ir combater por mil euros, mas nos casos mais reticentes pode chegar a sete mil.
Sabendo-se que por um motivo ou outro os terroristas de Paris e Bruxelas estavam referenciados pela polícia derivado aos seus passado de banditismo além do posterior radicalismo e que são aliciados com dinheiro, fica-se ciente que não combatem só por relegião como se pensava.

Ora é este o problema dos guetos que os governos têm que evitar pela integração real das pessoas na sua nova sociedade, pois a Bélgica até tem um bom trabalho de integração mas este escapou-lhe totalmente ao seu control.

Actualmente, com a mundialização das comunicações, a informação e as tomadas de decisões são muito rápidas e não é porque se é europeu, asiático, africano, americano ou pelas suas raças como os árabes, pretos, aisáticos, etc, que devemos fechar os olhos. Mais tarde pode-nos bater à porta.

Fez a semana passada um ano que abriu as suas portas o centro de desradicalização criado em Montreal e que a ONU está a seguir de perto para abrir outros em todo o mundo.
Neste primeiro ano foram acompanhados seiscentas pessoas das quais quarenta por cento por motivos relegiosos. Os restantes, eram extremistas políticos dos dois lados, motivos variados e ex-prisioneiros que quando acabam de cumprir a pena, saiem piores do que quando entraram. São vulgarmente chamados "os duros".
Destes todos, só dez foram presos.

Aqui já houve três atentados menores sem grandes consequências, se bem que o da Assembleia do Canada tenha tido um significado muito forte contra a democracia. Só que derivado ao sistema de integração das pessoas, estas como se sentem bem, aceitam o contacto que as diversas autoridades e polícias têm com os pais, amigos e mesmo Imãs, para lhes explicar as alterações que se podem observar num indivíduo que se radicaliza.

Hoje, um grande número de jovens que tentam saír do Canada para irem lutar por um país que não conhecem, são denunciados pelos pais e familiares, "Imãs", etc, pois não querem vê-los morrer por um país que não conhecem. Também não querem ver as suas filhas servir de escravas e praticarem a prostituçao com os combatentes, neste caso livremente aceite derivado à mentalização.

Não quer isto dizer que não se esteja sujeito a um acto terrorista de grande dimensão, pois essa é a finalidade do terrorismo. Já no passado lia de todos os lados pois nunca gostei de ser doutrinado porque sempre preferi o humanismo e numa leitura sobre Amilcar Cabral, li que tinha como ideia: "que enquanto o terrorismo poderia levar a efeito acções que eram faladas em todo o mundo, um país tinha que mostrar ao mundo a sua ocupação territorial." Um desgaste económico muito grande assim como psicológico.

Só que o que se passou na Bélgica e que pode acontecer novamente lá ou noutros países, não deixa as pessoas admiradas.

Mesmo que fechem as fronteiras como há quem defenda pois em Paris havia três terroristas que tinham passado com a leva dos migrantes, o cancro já está dentro nos guetos, tanto mentalmente como em armamento. Até a internete ensina como fazer bombas caseiras e a baixo preço. Pode atrazar mas não resolve o problema definitivamente.

É exactamente como o que se passou com os atentados de ontem. Há dias prenderam o terrorista mais procurado e ontem sentiu-se a resposta. Bem visto, a rapidez da resposta é possível que tenha sido por causa dessa prisão mas o atentado não foi, porque o material já lá estava: no gueto.

Não é isolando essas pessoas e mantendo-as na miséria que se consegue viver em paz.

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